A couraça da justiça

A couraça era uma parte essencial da armadura, pois protegia o tronco do combatente, reduzindo os riscos de ferimentos por lanças ou flechas. Ela guardava principalmente o coração, as costas e as vísceras, regiões vitais que, se atingidas, poderiam neutralizar o guerreiro e levá-lo à morte. Era confeccionada com couro grosso e resistente de animais grandes e, muitas vezes, recoberta com uma chapa de metal moldada ao peito do combatente. Pesada, exigia grande esforço físico para ser sustentada. Um detalhe interessante é que a couraça era feita sob medida, o que dificultava seu reaproveitamento por outro guerreiro de compleição física diferente. Foi o caso de Davi, que não conseguiu usar a armadura que Saul lhe ofereceu quando enfrentou Golias (1 Samuel 17:38).

Essa alegoria usada por Paulo nos conduz a importantes reflexões sobre o papel da Justiça na batalha contra as hostes espirituais da maldade. Primeiro, assim como um guerreiro não podia usar a couraça de outro, nós também não podemos nos apoiar na justiça alheia, mas precisamos nos revestir da justiça que vem de Deus. Segundo, um grande animal precisava ser sacrificado para que uma couraça fosse produzida; de forma análoga, Cristo foi entregue à morte para que, por meio d’Ele, nos tornássemos justos. Terceiro, a couraça era extremamente pesada, e isso nos ensina que somente fortalecidos em Deus conseguiremos carregar a Sua Justiça em nós (Salmos 28:7).

Jamais venceremos a batalha contra o mal se desprezarmos a prática da justiça. O injusto é facilmente acusado e não encontrará em Jesus um Advogado que o defenda enquanto persistir em práticas que ofendem a Deus (Salmos 106:3; 1 Pedro 2:24).

Revistamo-nos, pois, da Justiça de Deus!

Deus lhe abençoe!

“Quem quiser servir ao Deus de Bondade, sem pretender se submeter ao Deus de Justiça, estará perdendo a comunhão tanto com um, quanto com o outro” (Aureliano Jr.).

ORE: Deus de Justiça, há uma guerra a ser travada no mundo espiritual contra o império da injustiça. Reveste-nos da Tua Justiça, para que sejamos vencedores sobre o mal! Amém.

O cinto da verdade

Nesta descrição alegórica da verdade, Paulo a apresenta como elemento indispensável nas batalhas contra as hostes espirituais da maldade. E há uma razão lógica para isso: as hordas malignas que se levantam contra os filhos de Deus são comandadas por aquele que Jesus identificou como o pai da mentira. O Mestre ressaltou que o diabo mente desde o princípio, e todo aquele que pratica a mentira estabelece, ainda que inconscientemente, relação de filiação com ele (João 8:44).

Se o nosso Deus é verdadeiro em todas as coisas, se o nosso Salvador Jesus é a Verdade, e se o Espírito Santo é o Espírito da Verdade, não é possível vencer o pai da mentira sem estarmos firmemente munidos da Verdade. Essa Verdade é a própria Palavra de Deus, que também é o próprio Senhor Jesus Cristo (João 14:6; João 17:17).

A principal arma de Satanás contra os homens é a mentira e o engano. A mentira é a invenção de uma realidade contrária à verdade. O engano, porém, é ainda mais perigoso, pois apresenta aparência de verdade e, por isso, seduz. O grande risco é enfrentá-los com os “lombos”, ou seja, o nosso interior, desprotegidos e vulneráveis.

Precisamos falar a verdade, praticar a verdade e viver a verdade. Isso só é possível se buscarmos o conhecimento de Deus por meio de Sua Palavra. Nem as imaginações humanas, nem pregações meramente persuasivas, nem supostas revelações de falsos profetas comprometidos apenas com seus próprios interesses podem nos munir com armas eficazes contra o mal.

Na guerra contra o império da mentira e do engano, só teremos vitória se estivermos revestidos da Verdade que liberta de todo erro. Assim, seremos mais do que vencedores.

Deus lhe abençoe!

“A verdade é sempre forte, não importa quão fraca pareça, e a falsidade é sempre fraca, não importa quão forte pareça” (Phillips Brooks).

ORE: Deus Poderoso, equipa-nos com o cinto da verdade, para que não sejamos derrotados pela mentira! Amém.

A armadura de Deus

Ao final de uma de suas mais inspiradoras epístolas, Paulo reserva espaço para encorajar os efésios a perseverarem, mesmo diante das mais intensas batalhas espirituais. Ele explica que a verdadeira guerra não é contra pessoas, mas contra forças espirituais que agem para espalhar a maldade (Efésios 6:12). Por isso, lutar contra os que se levantam contra nós é inútil e desgastante. A nossa luta deve estar concentrada no mundo invisível, onde estão os verdadeiros inimigos.

Paulo, então, descreve um conjunto de armas espirituais, comparando-as a peças de uma armadura física, para mostrar como são eficazes e indispensáveis na vida cristã. Essa armadura não é feita de aço ou de qualquer material terreno, mas de elementos espirituais poderosos, capazes de nos sustentar em cada batalha.

Cristo não nos salvou para vivermos uma festa interminável aqui na terra. A verdadeira e eterna festa já está preparada nos céus. Enquanto estivermos neste mundo, somos chamados a viver como soldados de um exército treinado e equipado para vencer as hostes espirituais da maldade. Para isso, precisamos estar revestidos da armadura que Deus preparou para nós, invisível aos olhos humanos, mas poderosa para derrotar todo intento maligno contra o Seu Reino (Isaías 54:17).

Deus lhe abençoe!

“Nenhuma armadura é eficaz se Deus não estiver na frente da batalha.” — Gih Araujo

ORE: Senhor dos Exércitos, adestra as nossas mãos para que sejamos firmes e corajosos nas batalhas espirituais. Reveste-nos com a tua armadura! Amém.