Adultos fazendo meninices!

Quanto potencial desperdiçado! Quanta energia espiritual jogada fora! A igreja de Corinto, amplamente elogiada por seus dons espirituais, estava se perdendo em disputas infantis. Em vez de valorizar a unidade em Cristo, seus membros se dividiam em torno de nomes humanos, agindo como meninos espirituais. Que retrato triste: uma comunidade poderosa, cheia de dons, mas carente de maturidade (1 Coríntios 3:3-9).

Esse problema, longe de ser antigo, continua extremamente atual. Se, nos dias de Paulo — quando as igrejas se reuniam em pequenas casas — isso já era uma dificuldade, imagine hoje, em nossos templos lotados, compostos por pessoas de diferentes origens, que mal convivem entre si… Vivemos tempos perigosos, onde desentendimentos são expostos nas redes sociais e ganham o mundo como fofoca, escândalo ou “denúncia espiritual”. O que deveria ser tratado com sabedoria e amor se torna espetáculo para a internet (Mateus 18:15-17).

Tempos escuros e confusos… Irmãos que nos saúdam com a paz, mas travam guerras pessoais contra outros membros do Corpo de Cristo. Feridas abertas, reputações destruídas — tudo sob os aplausos de quem, contraditoriamente, prega o amor, o perdão e a misericórdia. Vivemos uma era de muitos discursos e pouca prática.

Que o Senhor tenha misericórdia de nós!

“A mesma quantidade de saliva e oxigênio que gastamos em discussões, polêmicas e divisões no Corpo de Cristo pode ser sabiamente investida em orações que nos amadureçam e abençoem nossos irmãos.” — Aureliano Jr.

ORE: Senhor Deus, não queremos mais nos comportar como meninos espirituais, desperdiçando tempo com discussões tolas, que só dividem os teus filhos. Perdoa-nos e ensina-nos a viver em amor e maturidade. Amém.

Tempo de amadurecimento

O estilo literário de Paulo é profundamente sábio e inspirado por Deus. Em uma mesma carta, ele se refere à igreja de Corinto como “perfeita” (1 Coríntios 2:6), por causa da graça de Deus sobre eles, mas logo em seguida os chama de “carnais”, por causa do seu mau comportamento — que, não fosse a longanimidade divina, anularia essa graça tão preciosa!

Essa dura advertência merece a nossa reflexão: até que ponto podemos considerar a graça e a misericórdia de Deus como sinal de maturidade espiritual? A resposta é clara: em ponto nenhum! A graça e a misericórdia são favores imerecidos, dádivas do Senhor concedidas àqueles que confessam Jesus Cristo como Salvador e Senhor. Já a maturidade espiritual é um compromisso do cristão — uma responsabilidade que se desenvolve na comunhão com Deus, na obediência à sã doutrina das Escrituras e no domínio dos impulsos da carne (1 João 2:16).

Os coríntios eram cheios da graça de Deus, mas ainda imaturos espiritualmente. Estavam presos a conflitos infantis e discussões tolas sobre liderança, gerando divisões e contendas. Não percebiam que estavam desperdiçando a graça recebida, como areia fina escorrendo por entre os dedos...

Não sejamos como eles! Busquemos crescer em Cristo, para que possamos desfrutar da plenitude da graça de Deus em nossa vida (João 1:16).

“Somente a maturidade é capaz de fazer com que o ser humano entenda que não sabe nada, não pode nada e não possui nada; mas que, segundo as Escrituras, em Cristo esse mesmo ser pode todas as coisas.” — Cláudio Peixoto

ORE: Pai, te suplicamos: precisamos amadurecer. Não permitas que sejamos tragados pelas frivolidades do mundo atual. Ajuda-nos a viver imersos no teu Espírito Santo. Amém.

Homem natural, Homem espiritual

Quando Paulo resume a existência humana em duas naturezas — uma chamada de “homem natural”, que representa o corpo e sua interação com a realidade visível, e outra chamada de “homem espiritual”, que envolve o relacionamento do ser humano com a dimensão espiritual de Deus — ele está falando do homem após a queda, que perdeu sua comunhão original com o Criador e passou a viver separado d’Ele por causa do pecado (Isaías 59:2).

A natureza do homem natural é carnal, voltada a satisfazer os desejos da carne — sejam eles legítimos ou não. Essa natureza pouco se importa com valores como moralidade, ética ou espiritualidade. Pelo contrário: quanto mais proibida for a prática, mais excitante é para essa natureza o desafio da transgressão (Romanos 8:5-17).

Já a natureza espiritual é sedenta por Deus. Mas, nos pecadores, ela permanece sufocada pelo pecado. Essa natureza recebe novo fôlego de vida quando encontra Cristo Jesus, que a vivifica com o Espírito Santo — o companheiro eterno dos que creem. A partir dessa união, a pessoa passa a ver a vida por outra perspectiva: passa a lutar contra o homem natural e a dar prioridade ao homem espiritual. Seu comportamento muda, e sua nova forma de viver parece loucura para o mundo (Tiago 4:4).

Contudo, essa mudança vale a pena. Quem vive no Espírito é nutrido pela esperança da vida eterna. “As coisas velhas já passaram; tudo se fez novo” (2 Coríntios 5:17). Ser espiritual é como sentar-se na sala onde o Todo-Poderoso ministra suas lições eternas.

Vale a pena lutar contra a carne e ser guiado pelo Espírito Santo!

“O crescimento espiritual real é somente isto: eu diminuo, Ele cresce. É o Senhor Jesus se tornando mais.” — Theodore Austin-Sparks

ORE: Senhor Deus, tu nos criaste para vivermos sob a direção do teu Espírito Santo, e não dominados por nossa natureza carnal e pecaminosa. Capacita-nos a viver espiritualmente para ti. Amém.