Expurgando o velho fermento

Jactância é o hábito nocivo de se vangloriar, de se considerar superior aos outros. Os cristãos de Corinto estavam tão orgulhosos do status espiritual de sua igreja que negligenciaram valores muito mais importantes. Falavam em línguas, mas também falavam mal uns dos outros. Curavam enfermos, mas deixavam irmãos doentes. Profetizavam, mas davam lugar ao diabo. Banqueteavam-se com o poder de Deus, mas permitiam que o velho fermento da imoralidade contaminasse a mesa do Senhor (Efésios 4:27).

Chegaram ao fundo do poço. Sua alegria já não era mais espiritual, mas carnal. Seus cultos deixaram de ser verdadeira adoração para se tornarem manifestações desordenadas de orgulho espiritual. As ceias, antes celebrações de amor, haviam se tornado disputas por comida e bebida. A santidade escorria pelo ralo da carnalidade, e ainda assim eles se jactanciavam por serem uma igreja de vanguarda — mais avançada que as demais (1 Coríntios 5:6).

Faltava-lhes sinceridade. Conheciam a Verdade, mas preferiram contorná-la, criando uma realidade paralela, onde o pecado, a divisão, a desordem nos cultos e a imoralidade eram tolerados. A situação era tão crítica que até mesmo o apóstolo Paulo — que tanto se doava por eles — já não era mais bem-vindo entre alguns (1 Coríntios 4:18).

Não podemos conviver com o velho fermento. Precisamos lançá-lo fora: as obras da carne, as paixões desordenadas, os hábitos pecaminosos. Só então viveremos como nova massa, consagrados a Deus, em novidade de vida. Foi por isso que Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado: para nos purificar por completo.

Deus lhe abençoe!

"Deus ama tanto a pureza que prefere ver um buraco na roupa de Seus filhos a enxergar uma mancha." - William Gurnall

ORE: Deus Poderoso, livra-nos da nossa própria jactância! Queremos ter uma vida pura diante de ti, livre do fermento da imoralidade. Amém.

A purificação do rebanho de Deus

Este é, sem dúvida, um tema difícil para um devocional. Em geral, quando nos propomos a cultuar a Deus, buscamos palavras de ânimo, consolo e edificação espiritual. No entanto, este assunto também precisa ser tratado. Apesar de termos sido libertos por Cristo Jesus, ainda habitamos um corpo corruptível, sujeito às tentações e quedas. Como Deus advertiu a Caim, “o pecado jaz à porta” (Gênesis 4:7) — ou seja, ele está mais próximo de nós do que muitas vezes imaginamos.

A igreja de Corinto é um exemplo claro de como a santidade e o pecado podem conviver lado a lado — e revela por que a disciplina doutrinária e eclesiástica é essencial para a saúde espiritual do rebanho de Deus. Na mesma igreja onde todos os dons espirituais se manifestavam e o poder de Deus agia com liberdade, havia um pecado tão escandaloso que envergonharia até mesmo os ímpios. A indignação do apóstolo Paulo foi tamanha que ele ordenou que o autor do pecado fosse entregue a Satanás — isto é, que colhesse as consequências de sua própria conduta, para que, arrependido, seu espírito fosse salvo no dia do Senhor (Judas 1:23).

A igreja não pode transigir com o mal. Não deve tolerar o pecado, independentemente de quem o cometa, a menos que haja verdadeiro arrependimento e uma sincera disposição de abandonar o erro. Somos geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido por Deus. Portanto, devemos viver de acordo com a santidade que Ele exige de nós (1 Pedro 2:9).

Deus lhe abençoe!

"As feridas causadas por Deus curam; os beijos do pecado matam."

- William Gurnall

ORE: Senhor Deus, purifica o teu rebanho! Mesmo que isso nos cause dor, mantém-nos no nível de pureza e santidade exigido por ti. Amém.

A vara da correção

Ser corrigido nunca é algo agradável. Mesmo quando reconhecemos que erramos e que a correção é justa, ainda assim nos custa lidar com a repreensão. Até quando a correção vem da nossa própria consciência, o sentimento de culpa gera um grande desconforto, e o orgulho muitas vezes nos impede de admitir o erro.

As Escrituras nos garantem que a correção, embora não produza alegria no momento em que é aplicada, gera em nós um fruto pacífico de justiça. Ou seja, ser corrigido é, de fato, ser pacificado — principalmente quando nossa consciência está em conflito e isso nos afasta de Deus (Hebreus 12:11).

O Senhor nos ama, e é justamente por isso que Ele nos corrige. Não devemos desanimar diante da disciplina divina, pois assim como um médico submete o paciente a um tratamento doloroso para salvá-lo, Deus também permite que passemos pela dor para nos preservar para a Vida Eterna (Hebreus 12:5).

Ser corrigido por Deus é um privilégio! Ele não investiria tanto em nossa formação se não nos amasse profundamente. O zelo do Senhor demonstra que Sua correção tem como propósito nos aperfeiçoar para a Eternidade. Embora Ele também nos conceda bênçãos nesta vida — como saúde, provisão, portas abertas —, essas coisas não são Sua prioridade. A verdadeira prioridade de Deus é preparar os seus filhos para viverem com Ele para sempre (1 Tessalonicenses 4:17).

Por isso, devemos nos submeter humildemente à Sua correção. Ele nos ama, deseja o nosso bem, e nos livra de sofrimentos desnecessários. E quando é preciso nos corrigir, Ele é o mesmo que fere — mas logo depois trata e cura, pois Seus pensamentos a nosso respeito são de paz e não de mal (Jeremias 29:11).

Deus lhe abençoe!

"As correções ministradas por Deus são nossas instruções; Seus açoites, nossas lições, e Suas chicotadas, nossos mestres." (Thomas Brooks)

ORE: Deus Justo, tu és o nosso Pai. Corrige-nos e educa-nos, para que estejamos sempre dentro da tua vontade. Amém.