Homem natural, Homem espiritual

Quando Paulo resume a existência humana em duas naturezas — uma chamada de “homem natural”, que representa o corpo e sua interação com a realidade visível, e outra chamada de “homem espiritual”, que envolve o relacionamento do ser humano com a dimensão espiritual de Deus — ele está falando do homem após a queda, que perdeu sua comunhão original com o Criador e passou a viver separado d’Ele por causa do pecado (Isaías 59:2).

A natureza do homem natural é carnal, voltada a satisfazer os desejos da carne — sejam eles legítimos ou não. Essa natureza pouco se importa com valores como moralidade, ética ou espiritualidade. Pelo contrário: quanto mais proibida for a prática, mais excitante é para essa natureza o desafio da transgressão (Romanos 8:5-17).

Já a natureza espiritual é sedenta por Deus. Mas, nos pecadores, ela permanece sufocada pelo pecado. Essa natureza recebe novo fôlego de vida quando encontra Cristo Jesus, que a vivifica com o Espírito Santo — o companheiro eterno dos que creem. A partir dessa união, a pessoa passa a ver a vida por outra perspectiva: passa a lutar contra o homem natural e a dar prioridade ao homem espiritual. Seu comportamento muda, e sua nova forma de viver parece loucura para o mundo (Tiago 4:4).

Contudo, essa mudança vale a pena. Quem vive no Espírito é nutrido pela esperança da vida eterna. “As coisas velhas já passaram; tudo se fez novo” (2 Coríntios 5:17). Ser espiritual é como sentar-se na sala onde o Todo-Poderoso ministra suas lições eternas.

Vale a pena lutar contra a carne e ser guiado pelo Espírito Santo!

“O crescimento espiritual real é somente isto: eu diminuo, Ele cresce. É o Senhor Jesus se tornando mais.” — Theodore Austin-Sparks

ORE: Senhor Deus, tu nos criaste para vivermos sob a direção do teu Espírito Santo, e não dominados por nossa natureza carnal e pecaminosa. Capacita-nos a viver espiritualmente para ti. Amém.

As coisas espirituais do Reino dos Céus

É um princípio claro da fé: o homem só pode conhecer a Deus se o próprio Deus decidir se revelar a ele. No entanto, também é verdade que Deus espera ser buscado com sinceridade — enquanto pode ser achado.

O pecado, infelizmente, trouxe uma separação entre o homem e o Criador, tornando mais difícil essa conexão espiritual. Fomos criados com um corpo físico, para interagir com a criação e dominá-la, mas não fomos feitos para viver de forma carnal. Deus nos criou para a comunhão espiritual com Ele. O sopro divino nas narinas do homem não era apenas o início da vida física — era também o princípio da vida espiritual (Gênesis 2:7).

Por meio de Jesus Cristo, essa comunhão foi restaurada. O sopro, que no início foi fôlego de vida, agora habita em nós como o Espírito Consolador — o Parácleto — presente em todos os momentos. É por essa presença do Espírito Santo que podemos novamente discernir as coisas espirituais, como está escrito: “comparando as coisas espirituais com as espirituais” (1 Coríntios 2:15).

A linguagem do Espírito é simples e profunda ao mesmo tempo. Mas só pode ser compreendida por quem está cheio do Espírito de Deus.

Deus lhe abençoe!

“A pior maldição que um povo pode sofrer é ter uma religião movida à base de mera emoção e sensacionalismo. A ausência de realidade espiritual já é trágica; mas o aumento da falsa espiritualidade é pecado mortal.” — Samuel Chadwick

ORE: Deus Soberano, tu és Espírito, e só podes ser compreendido pelo teu próprio Espírito que habita em nós. Dá-nos sensibilidade espiritual para entender os teus mistérios, até onde nos permites alcançar. Amém.

As profundezas de Deus

É possível que a criatura compreenda plenamente o Criador? Certamente, não! Deus, sendo eterno, é profundo demais para ser totalmente entendido por nós. Mesmo aqueles que viverem com Ele por toda a eternidade jamais terão vivido toda a eternidade passada para compreendê-lo por completo. Seria preciso ser Deus para compreender Deus — e isso, jamais seremos.

Temos o Seu Espírito, somos espirituais, já estamos assentados nos lugares celestiais em Cristo. No entanto, seguimos sendo criaturas, limitadas por nossa própria natureza. Ninguém jamais será igual a Deus. Aliás, o único que ousou desejar isso foi duramente castigado (Isaías 14:12-15).

Mas há uma verdade gloriosa: nós somos habitação do Espírito Santo. E é pelo Espírito que Deus nos revela as profundezas do Seu ser, até onde nossa estrutura humana consegue suportar. Em outras palavras, Deus nunca nos negará o conhecimento necessário para manter viva nossa fé e acesa nossa esperança (1 Coríntios 2:16).

Deus não se esconde atrás de enigmas, nem se oculta em mistérios inatingíveis. Ele ama a simplicidade. Ele fala conosco numa linguagem que conseguimos entender. Tem prazer em revelar Seus segredos aos mais humildes, e glorifica Seu nome nos lugares mais simples onde é adorado (Êxodo 33:7).

Contudo, não espere que Deus revele algo apenas para saciar a curiosidade ou satisfazer caprichos. Suas revelações mais profundas sempre carregam propósitos eternos.

Deus lhe abençoe!

“Quando chegar à margem do rio de Deus, mergulhe o mais fundo que puder; não tenha medo, porque as suas águas não afogam, mas vivificam.” — Aureliano Jr.

ORE: Deus Grandioso, quão profundos são os teus pensamentos e quão inescrutáveis os teus desígnios! Enche-nos com o teu Espírito Santo, para que entendamos o teu propósito para nossa vida. Amém.