O escudo da fé

A melhor e mais completa definição de fé está nas próprias Escrituras: ela “é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que não se veem” (Hebreus 11:1). Em termos práticos, a fé nos dá a convicção de que aquilo que não vemos é uma realidade viva, atuando em nosso favor. É por isso que sem fé é impossível agradar a Deus, pois como poderíamos ter certeza da existência do Deus invisível, se não fosse a fé que sustenta a nossa confiança nele? (Hebreus 11:6).

Paulo compara a fé a um escudo sobrenatural e invisível, capaz de nos proteger dos ataques do inimigo, que lança contra nós os seus dardos inflamados. Esses dardos representam os falsos ensinos e doutrinas enganosas que, por meio de falsos profetas, tentam nos seduzir com revelações ilusórias. Se não estivermos firmados na Verdade de Deus, pela sua Palavra, corremos o risco de enfraquecer na esperança e cair em incredulidade diante das promessas do Senhor (Colossenses 2:8).

A prática da fé pode ser comparada à alimentação: facilmente nos deixamos atrair por comidas cheias de cores, aromas e sabores artificiais, produzidas com ingredientes nocivos que, embora agradáveis ao paladar, adoecem lentamente o corpo. Da mesma forma, muitos se alimentam de “ensinamentos fáceis”, mas sem valor espiritual. Já a verdadeira fé, assim como uma alimentação saudável e equilibrada, exige disciplina, esforço e dedicação diária.

Assim é a fé: precisamos cultivá-la constantemente, mantendo nosso olhar fixo na Palavra de Deus, que renova a esperança e fortalece o coração.

Cultive a sua fé, e vença os ataques do mal!

Deus lhe abençoe!

"A fé aumenta pela oração, é fortalecida pelo estudo da Palavra e cumpre-se quando submetemo-nos diariamente ao Senhor Jesus" (Charles Stern).

ORE: Pai bendito, reveste-nos com a fé sobrenatural que vem de ti, para que possamos vencer todos os ataques do mal contra nós. Amém.

O evangelho da paz

É interessante notar que, na descrição alegórica que Paulo faz de um equipamento de guerra, ele nos orienta a usar algo que tem sua origem na paz. Uma contradição? Claro que não! Afinal, o nosso General, Cristo, é o Príncipe da Paz; além disso, a paz é fruto do Espírito, e não podemos esquecer que a nossa luta não é contra carne e sangue. Portanto, podemos até ser atingidos pela violência daqueles que nos odeiam, mas nunca devemos revidar na mesma medida (Lucas 6:28).

Outro ponto importante é que a “preparação do Evangelho da paz” está diretamente ligada à “couraça da justiça” (note a conjunção aditiva “e” no texto). Isso demonstra que viver o Evangelho da Paz é parte essencial da prática da justiça segundo a vontade de Deus. Não há como ser justo sem testemunhar com a vida o Evangelho de Cristo, assim como não é possível proclamar o Evangelho de Cristo sem uma vida pautada na justiça de Deus (Mateus 5:6).

Quão profunda é essa verdade! Na dimensão espiritual, o que praticamos tem um grande peso, tornando-nos fortes e firmes diante das investidas malignas do inimigo. Em termos práticos, isso significa que não teremos autoridade para enfrentar uma batalha espiritual se não estivermos devidamente preparados. De nada adiantará uma vida religiosa “certinha”, cheia de rituais e aparências de piedade, se o coração não estiver realmente alinhado a Cristo (2 Timóteo 3:5).

Assim como a farda identifica o soldado e a insígnia identifica o oficial, nós também somos reconhecidos no mundo espiritual pela armadura que vestimos. Se nos faltar a paz, acabaremos nos igualando aos que agem com violência, e, inevitavelmente, seremos derrotados (João 16:33).

A paz é a marca da nossa fé (João 14:27)!

Deus lhe abençoe!

"A lei remete-nos ao evangelho para que possamos ser justificados, e o evangelho remete-nos de volta à lei para indagarmos qual é nosso dever, estando justificados" (Samuel Bolton).

ORE: Deus bondoso, revista-nos com a paz que excede todo o entendimento, para que, mesmo em meio às batalhas mais intensas, tenhamos paz contigo e com o nosso irmão. Amém.

A couraça da justiça

A couraça era uma parte essencial da armadura, pois protegia o tronco do combatente, reduzindo os riscos de ferimentos por lanças ou flechas. Ela guardava principalmente o coração, as costas e as vísceras, regiões vitais que, se atingidas, poderiam neutralizar o guerreiro e levá-lo à morte. Era confeccionada com couro grosso e resistente de animais grandes e, muitas vezes, recoberta com uma chapa de metal moldada ao peito do combatente. Pesada, exigia grande esforço físico para ser sustentada. Um detalhe interessante é que a couraça era feita sob medida, o que dificultava seu reaproveitamento por outro guerreiro de compleição física diferente. Foi o caso de Davi, que não conseguiu usar a armadura que Saul lhe ofereceu quando enfrentou Golias (1 Samuel 17:38).

Essa alegoria usada por Paulo nos conduz a importantes reflexões sobre o papel da Justiça na batalha contra as hostes espirituais da maldade. Primeiro, assim como um guerreiro não podia usar a couraça de outro, nós também não podemos nos apoiar na justiça alheia, mas precisamos nos revestir da justiça que vem de Deus. Segundo, um grande animal precisava ser sacrificado para que uma couraça fosse produzida; de forma análoga, Cristo foi entregue à morte para que, por meio d’Ele, nos tornássemos justos. Terceiro, a couraça era extremamente pesada, e isso nos ensina que somente fortalecidos em Deus conseguiremos carregar a Sua Justiça em nós (Salmos 28:7).

Jamais venceremos a batalha contra o mal se desprezarmos a prática da justiça. O injusto é facilmente acusado e não encontrará em Jesus um Advogado que o defenda enquanto persistir em práticas que ofendem a Deus (Salmos 106:3; 1 Pedro 2:24).

Revistamo-nos, pois, da Justiça de Deus!

Deus lhe abençoe!

“Quem quiser servir ao Deus de Bondade, sem pretender se submeter ao Deus de Justiça, estará perdendo a comunhão tanto com um, quanto com o outro” (Aureliano Jr.).

ORE: Deus de Justiça, há uma guerra a ser travada no mundo espiritual contra o império da injustiça. Reveste-nos da Tua Justiça, para que sejamos vencedores sobre o mal! Amém.