A loucura da pregação

Esse trecho da carta de Paulo aos Coríntios nos traz um intrigante questionamento: seria Deus contrário à sensata sabedoria? Ou seria oposto à prudente inteligência? Estaria Deus, por natureza, avesso aos institutos organizacionais da fé? Desejaria Deus uma igreja sem estrutura, sem ordem ou sem sábia organização?

Por óbvio, todas as respostas são negativas! Deus ama a sabedoria (Provérbios 8); Ele mesmo pôs ordem na Sua criação (Gênesis 1) e estabeleceu um sistema de culto organizado e cuidadosamente ordenado para Si mesmo (leia Êxodo e Levítico). Não obstante, homens sábios foram levantados por Ele, como Salomão e Daniel, demonstrando o Seu profundo apreço pela sabedoria e pela inteligência (Provérbios 9:10).

Deus ama a sabedoria, aprecia a inteligência e considera o esforço feito pela igreja para oferecer-Lhe um culto racional, organizado e edificante, com palavras de sabedoria e louvores de qualidade. Mas, ao mesmo tempo, Ele rejeita todo esforço baseado na vaidade humana e no interesse, mesmo que disfarçado, de autopromoção.

O culto a Deus deve ser um sacrifício vivo, santo e agradável — não a nós, mas a Ele. O culto que oferecemos só deve ter um alvo: a Glória de Deus. E a beleza que Deus mais aprecia não é a erudição das palavras ou a qualidade da música, mas a singeleza de um coração contrito, unido a outros corações quebrantados, sedentos de Deus, famintos da Sua Palavra.

Deixe que te chamem de louco! Deixe que Deus te faça sábio!

Deus lhe abençoe!

“O mundo enlouquece a si mesmo com festas, drogas, licenciosidade e perversão. Nós enlouquecemos a pregação com a Sabedoria de Deus.” (Aureliano Jr.)

ORE: Pai, somos taxados como loucos por amor a Ti. Mas isso nos alegra, porque sabemos que é a Tua sabedoria que tem nos inundado. Amém.

Os tijolos da construção

A humildade demonstrada por Paulo nessa circunstância é admirável! Ele agradece a Deus por ter feito somente o que lhe foi designado fazer, no contexto de estar escrevendo a uma igreja que sofria o mal da divisão e do individualismo. Ele aprendeu bem de Cristo Jesus, que foi manso e humilde de coração e que, mesmo sendo Deus, durante o seu ministério terreno, envolto em sua humanidade, se ocupou unicamente daquilo que o Pai designou que ele fizesse (João 6:38).

Ele chega a demonstrar certo desapreço pelo que fez, ao mostrar falta de registro na memória de mais batismos que tenha realizado. Embora possa parecer desprezo ao ofício cristão, na verdade ele demonstra desprezo a si mesmo, por ser apenas um instrumento, como um martelo, que não pode se orgulhar de ter pregado muitos pregos, pois a honra está na mão que o utilizou.

Paulo tinha plena convicção do seu chamado e não pretendia fazer além, a menos que o próprio Deus o conduzisse a isso. Eis uma bela lição para nós, em um tempo em que tantos estão preocupados em divulgar o seu próprio ministério ou valorizar o seu próprio nome. Paulo mostra que, no Edifício da Fé chamado Igreja, cada um de nós é nada mais do que um tijolo, que não terá nenhum valor se não estiver intrinsecamente ligado aos demais tijolos; e que a nossa recompensa é contribuir para a glória imponente da grande construção do Corpo de Cristo Jesus (Efésios 4:16).

Temos o privilégio de ser tijolos! Não somos uma porção informe de barro. Cada um de nós se encaixa perfeitamente no próximo tijolo, a fim de que o edifício de Deus seja erguido.

Deus lhe abençoe!

“Jamais vi o Espírito de Deus atuar onde o povo do Senhor está dividido.” (Dwight Lyman Moody).

ORE: Deus, Tu és a razão da existência da Igreja. Que a tua trina unidade seja para nós motivo de inspiração, para que busquemos ser um com o nosso irmão, formando assim o Corpo de Cristo Jesus. Amém.

Concordância em Cristo

Um dos grandes desafios da vida cristã comunitária é a superação do individualismo. Apesar de sermos indivíduos com características distintas uns dos outros — inclusive no serviço cristão, onde vários dons, talentos e ministérios se manifestam em pessoas diferentes —, é desejo de Deus que nos esforcemos para que prevaleça entre nós o senso de unidade que deve caracterizar o Corpo de Cristo. Nós, juntos, somos comparados a uma família, a um edifício, a uma lavoura, a um exército, e assim por diante; todos os exemplos aplicados à Igreja convergem para a ideia de que ela só funcionará plenamente se praticar a unidade cristã (1 Coríntios 12:12,13).

O exemplo da igreja de Corinto prova que as divisões podem praticamente anular todos os benefícios de Deus que se manifestam nela. Corinto tinha todos os dons, era confirmada por Deus, chamada de santa. Era uma igreja para ser admirada por todos! Mas a fama que corria sobre ela era de que se tratava de uma igreja dividida (1 Coríntios 3:3-9).

Viver em concordância não significa que seremos robôs, teleguiados por um líder, ou que nossa individualidade deva ser anulada. Significa, sim, que devemos pôr a vontade de Deus acima da nossa e os objetivos da Igreja acima dos nossos objetivos individuais (Efésios 4:1-13).

Viver em concordância não é uma missão fácil; mas, em Cristo, podemos cumpri-la, contribuindo para que Cristo cresça e nós diminuamos.

Deus lhe abençoe!

"Todos os males do nosso século decorrem do fato de se ter aprendido a dividir os átomos antes de se aprender a unir os homens." (Cesare Zavattini).

ORE: Pai, apesar das muitas diferenças existentes entre os homens, sabemos que é teu desejo que sejamos concordes em tudo. Ensina-nos a cumprir essa missão. Amém.