1 Ouçam, céus e Terra! Ouçam o que vou dizer!
2 As minhas palavras cairão sobre vocês,como a chuva delicada e como o orvalho,como a chuva sobre a erva tenra, sobre a relva.
3 Hei-de proclamar a grandeza do Senhor. Como ele é glorioso!
4 Ele é a rocha. A sua obra é perfeita.Tudo o que ele faz é justo e recto. Deus é a verdade; nele não há injustiça.
5 Mas Israel corrompeu-se, sujou-se no pecado. Já não lhe pertence mais;são um povo duro e torcido.
6 Então é assim que tratas com Jeová? Ó povo louco! Não é Deus o vosso pai? Não foi ele quem vos criou? Não foi ele quem vos estabeleceu e vos tornou fortes?
7 Lembrem-se dos dias de antigamente! Perguntem até aos vossos pais e aos mais idosos,esses vos dirão tudo!
8 Quando Deus repartiu o mundo entre as nações,deu a cada uma delas um anjo vigilante.
9 Mas a Israel não deu nenhum;porque Israel é a própria possessão de Deus.
10 Deus os protegeu no deserto, cheio de uivos,como se fossem a menina dos seus olhos.
11 Abre as suas asas sobre eles,tal como a águia protegendo os filhos. Transporta-os sobre as asas. Assim faz o Senhor ao seu povo!
12 Quando o Senhor sozinho os conduzia,e eles viviam sem deuses estrangeiros,
13 Deus deu-lhes férteis planaltos, campos de rica terra,mel saindo da rocha, e azeite de chão rochoso!
14 Deu-lhes leite e carne; escolheu carneiros e bodes de Basã,e o melhor do trigo; beberam vinho de cor de sangue.
15 Mas Israel altivo, ao engordar rebelou-se,de tão bem tratado que estava. E na sua abundância, esqueceram-se de Deus. Repudiaram a rocha da sua salvação.
16 Israel começou a seguir deuses estrangeiros,e Jeová ficou muito irado; ele teve ciúmes pelo seu povo.
17 Este sacrificou a deuses estranhos,novos deuses que nunca jamais tinha adorado.
18 Desdenharam da rocha que os tinha criado,esqueceram-se de que foi Deus quem os criou.
19 Deus viu o que eles estavam a fazer,e detestou-os. Seus filhos e filhas estavam-no a insultar.
20 Por isso disse: 'Vou abandoná-los! Vejam então o que lhes está a acontecer,porque são uma geração dura e desleal.
21 Fez com que eu tivesse severos ciúmes por causa daqueles seus ídolos,os quais não são deuses nenhuns. Por isso agora, em compensação, suscitarei os ciúmes deles,dando os meus afectos às nações gentias do mundo,que eles consideram loucas.
22 Porque a minha ira acendeu um fogoque arde até às profundidades do inferno, E consumirá a terra e as suas searas,pondo os fundamentos das suas montanhas a arder.
23 Amontoarei males sobre eles, atirarei as minhas setas sobre eles.
24 Devastá-los-ei com a fome, com febre, com doenças fatais. Serão devorados por feras que os dilacerarão,assim como por serpentes mortais, rastejando entre o pó.
25 Do exterior virá a espada do inimigo, da mesma forma que por dentro tiveram pragas. Serão aterrorizados, tanto os mancebos como as raparigas;tanto o bebé da mama como o indivíduo mais idoso.
26 Decidi espalhá-los por terras longínquas,para que até a lembrança deles desapareça.'
27 Mas então eu pensei: 'Os meus inimigos fanfarronarão dizendo - Israel está destruído mas foi pela minha própria força. Não foi o Senhor quem fez isso!'
28 Israel é uma nação sem inteligência, louca, sem entendimento.
29 Oh! Se eles fossem sensatos!Como haviam de entender! Como haviam de dar-se conta de qual o seu destino!
30 Como é que um só inimigo pode perseguir mil combatentes,E dois pôr em fora de combate dez mil, se não fosse a sua rocha os ter abandonado, se não fosse o Senhor os ter destruído?
31 Mas a rocha de outras nações não é semelhante à nossa. Orações àqueles deuses não têm valor nenhum;
32 Aquelas pessoas agem como os de Sodoma e de Gomorra:seus actos são piores do que veneno;
33 Bebem vinho feito de veneno de serpente.
34 Mas Israel é o meu povo especial,guardado como jóias preciosas do meu tesouro.
35 Minha é a vingança. Decreto que todos os meus inimigos sejam castigados: a sentença deles está já assinada.
36 O Senhor verá o seu povo justificado. Terá compaixão deles quando escorregarem,quando vir o poder deles decaindo,tanto o dos escravos como dos livres,
37 Então declarará:'Onde estão aqueles deuses deles - as tais rochas que eles declaravam ser o seu refúgio?
38 Onde estão pois esses deuses agora,aos quais consagraram gorduras e vinhos? Que se levantem então esses deuses,e que os ajudem!
39 Não vêem que só eu sou Deus? Eu tiro e dou a vida. Faço a ferida e saro-a - ninguém escapa ao meu poder.
40 Levanto a mão ao céu e juro pela minha própria existência,
41 em como afiarei a minha espada reluzente,e deixarei cair os meus castigos sobre os meus inimigos!
42 As minhas flechas banhar-se-ão em sangue! A minha espada devora a carne e o sanguede todos os que foram mortos e presos. As cabeças dos inimigos estão cobertas de sangue.'
43 Louvem o seu povo, ó nações, pois que Deus o vingarádo que lhe fizeram os seus inimigos,purificando a sua terra,e o seu povo.
44 Depois de Moisés e Josué terem apresentado as palavras deste cântico ao povo, Moisés fez os seguintes comentários: Meditem em todas as leis que vos dei agora, ensinem-nas aos vossos filhos. Não se trata de meras palavras - são a vossa vida! Obedecendo-lhes terão vidas prolongadas e prósperas na terra que vão agora possuir do lado de lá do Jordão.
48 Nesse mesmo dia o Senhor disse a Moisés:
49 Sobe ao monte Nebo, na cordilheira de Abarim, na terra de Moabe, defronte de Jericó. Lá do cimo, contempla a terra de Canaã que eu dei ao povo de Israel. Depois de olhares para ela, deverás morrer e ir ter com os teus antepassados, tal como aconteceu com Arão, o teu irmão, que morreu no monte Hor e também se foi juntar aos seus. Porque vocês desonraram-me na frente do povo de Israel, nas fontes de Meribá, em Cades, no deserto de Zim.
52 Verás então, na sua extensão, a terra que dei ao povo de Israel; contudo não entrarás nela.
1 Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as palavras da minha boca. 2 Goteje a minha doutrina como a chuva, destile o meu dito como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva. 3 Porque apregoarei o nome do Senhor; dai grandeza a nosso Deus. 4 Ele é a Rocha cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos juízo são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é. 5 Corromperam-se contra ele; seus filhos eles não são, e a sua mancha é deles; geração perversa e torcida é. 6 Recompensais, assim, ao Senhor, povo louco e ignorante? Não é ele teu Pai, que te adquiriu, te fez e te estabeleceu? 7 Lembra-te dos dias da antiguidade, atenta para os anos de muitas gerações; pergunta a teu pai, e ele te informará, aos teus anciãos, e eles to dirão. 8 Quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando dividia os filhos de Adão uns dos outros, pôs os termos dos povos, conforme o número dos filhos de Israel. 9 Porque a porção do Senhor é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança. 10 Achou-o na terra do deserto e num ermo solitário cheio de uivos; trouxe-o ao redor, instruiu-o, guardou-o como a menina do seu olho. 11 Como a águia desperta o seu ninho, se move sobre os seus filhos, estende as suas asas, toma-os e os leva sobre as suas asas, 12 assim, só o Senhor o guiou; e não havia com ele deus estranho. 13 Ele o fez cavalgar sobre as alturas da terra e comer as novidades do campo; e o fez chupar mel da rocha e azeite da dura pederneira, 14 manteiga de vacas e leite do rebanho, com a gordura dos cordeiros e dos carneiros que pastam em Basã e dos bodes, com a gordura da flor do trigo; e bebeste o sangue das uvas, o vinho puro. 15 E, engordando-se Jesurum, deu coices; engordaste-te, engrossaste-te e de gordura te cobriste; e deixou a Deus, que o fez, e desprezou a Rocha da sua salvação. 16 Com deuses estranhos o provocaram a zelos; com abominações o irritaram. 17 Sacrifícios ofereceram aos diabos, não a Deus; aos deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, dos quais não se estremeceram seus pais. 18 Esqueceste-te da Rocha que te gerou; e em esquecimento puseste o Deus que te formou. 19 O que vendo o Senhor, os desprezou, provocado à ira contra seus filhos e suas filhas; 20 e disse: Esconderei o meu rosto deles e verei qual será o seu fim; porque são geração de perversidade, filhos em quem não há lealdade. 21 A zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com as suas vaidades me provocaram à ira; portanto, eu os provocarei a zelos com os que não são povo; com nação louca os despertarei à ira. 22 Porque um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até ao mais profundo do inferno, e consumirá a terra com a sua novidade, e abrasará os fundamentos dos montes. 23 Males amontoarei sobre eles; as minhas setas esgotarei contra eles. 24 Exaustos serão de fome, comidos de carbúnculo e de peste amarga; e entre eles enviarei dentes de feras, com ardente peçonha de serpentes do pó. 25 Por fora, devastará a espada, e, por dentro, o pavor: ao jovem, juntamente com a virgem, assim à criança de mama, como ao homem de cãs. 26 Eu disse que por todos os cantos os espalharia; faria cessar a sua memória dentre os homens, 27 se eu não receara a ira do inimigo, para que os seus adversários o não estranhem e para que não digam: A nossa mão está alta; o Senhor não fez tudo isso. 28 Porque são gente falta de conselhos, e neles não há entendimento. 29 Tomara eles fossem sábios, que isso entendessem e atentassem para o seu fim! 30 Como pode ser que um só perseguisse mil, e dois fizessem fugir dez mil, se a sua Rocha os não vendera, e o Senhor os não entregara? 31 Porque a sua rocha não é como a nossa Rocha, sendo até os nossos inimigos juízes disso. 32 Porque a sua vinha é a vinha de Sodoma e dos campos de Gomorra; as suas uvas são uvas de fel, cachos amargosos têm. 33 O seu vinho é ardente veneno de dragões e peçonha cruel de víboras. 34 Não está isso encerrado comigo, selado nos meus tesouros? 35 Minha é a vingança e a recompensa, ao tempo em que resvalar o seu pé; porque o dia da sua ruína está próximo, e as coisas que lhes hão de suceder se apressam a chegar. 36 Porque o Senhor fará justiça ao seu povo e se arrependerá pelos seus servos, quando vir que o seu poder se foi e não há fechado nem desamparado. 37 Então, dirá: Onde estão os seus deuses, a rocha em quem confiavam, 38 de cujos sacrifícios comiam a gordura e de cujas libações bebiam o vinho? Levantem-se e vos ajudem, para que haja para vós escondedouro. 39 Vede, agora, que eu, eu o sou, e mais nenhum deus comigo; eu mato e eu faço viver; eu firo e eu saro; e ninguém há que escape da minha mão. 40 Porque levantarei a minha mão aos céus e direi: Eu vivo para sempre. 41 Se eu afiar a minha espada reluzente e travar do juízo a minha mão, farei tornar a vingança sobre os meus adversários e recompensarei os meus aborrecedores. 42 Embriagarei as minhas setas de sangue, e a minha espada comerá carne; do sangue dos mortos e dos prisioneiros, desde a cabeça, haverá vinganças do inimigo. 43 Jubilai, ó nações, com o seu povo, porque vingará o sangue dos seus servos, e sobre os seus adversários fará tornar a vingança, e terá misericórdia da sua terra e do seu povo.
44 E veio Moisés e falou todas as palavras deste cântico aos ouvidos do povo, ele e Oseias, filho de Num. 45 E, acabando Moisés de falar todas estas palavras a todo o Israel, 46 disse-lhes: Aplicai o vosso coração a todas as palavras que hoje testifico entre vós, para que as recomendeis a vossos filhos, para que tenham cuidado de cumprir todas as palavras desta lei. 47 Porque esta palavra não vos é vã; antes, é a vossa vida; e por esta mesma palavra prolongareis os dias na terra, a que, passando o Jordão, ides para possuí-la.
48 Depois, falou o Senhor a Moisés, naquele mesmo dia, dizendo: 49 Sobe o monte de Abarim, o monte Nebo, que está na terra de Moabe, defronte de Jericó, e vê a terra de Canaã, que darei aos filhos de Israel por possessão. 50 E morre no monte, ao qual subirás; e recolhe-te ao teu povo, como Arão, teu irmão, morreu no monte de Hor e se recolheu ao seu povo, 51 porquanto prevaricastes contra mim no meio dos filhos de Israel, nas águas da contenção, em Cades, no deserto de Zim, pois me não santificastes no meio dos filhos de Israel. 52 Pelo que verás a terra diante de ti, porém não entrarás nela, na terra que darei aos filhos de Israel.