Por que Jesus valorizava tanto as crianças? Entenda o que a Bíblia ensina sobre pureza e humildade

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As crianças sempre ocuparam um lugar especial nas palavras e atitudes de Jesus. Em uma época em que elas eram vistas apenas como parte do futuro, sem voz ou valor social, o Mestre as colocou no centro de seus ensinamentos, revelando que o Reino de Deus pertence aos que se tornam como elas.

Mas afinal, por que Jesus valorizava tanto as crianças? O que há de tão profundo nessa comparação entre a fé infantil e a vida espiritual dos adultos? A resposta está em compreender o coração de Cristo e o que Ele via de divino na pureza, na humildade e na confiança dos pequenos.

O contexto bíblico: quando Jesus chamou as crianças

O episódio mais marcante sobre o valor das crianças está registrado em Mateus 19:13-15. Alguns trouxeram crianças para que Jesus impusesse as mãos sobre elas e orasse, mas os discípulos as repreenderam. Jesus, porém, os corrigiu dizendo:

“Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam, pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas.”

Essa declaração foi revolucionária. Na cultura judaica do primeiro século, crianças não tinham status, influência ou direitos. Eram dependentes e, socialmente, invisíveis. Ainda assim, Jesus não apenas as acolheu, Ele as tomou como exemplo do verdadeiro discípulo.

Em Mateus 18:3-4, Jesus reforça:

“Se vocês não se converterem e não se tornarem como crianças, de modo algum entrarão no Reino dos céus.”

Isso mostra que, mais do que um gesto de ternura, o ensino de Jesus sobre as crianças é uma lição espiritual profunda: a entrada no Reino requer humildade, dependência e sinceridade de coração.

O que as crianças simbolizam espiritualmente

As crianças simbolizam três virtudes centrais da vida cristã que Jesus valorizava:

1. Pureza e sinceridade de coração – A fé infantil é livre de pretensões. Uma criança crê sem precisar de provas, confia sem questionar intenções. É essa pureza que Jesus elogia: um coração sem malícia, disposto a crer e amar.

2. Humildade e dependência – No mundo adulto, a autossuficiência é vista como virtude. Mas Jesus inverte a lógica: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos céus” (Mateus 5:3). As crianças reconhecem que precisam de ajuda, e essa dependência é o que o cristão precisa ter diante de Deus.

3. Capacidade de amar e perdoar com facilidade – As crianças não guardam rancor. Perdoam e recomeçam com leveza. Essa simplicidade no amor é reflexo do coração do próprio Cristo, que nos chama a amar “como Ele nos amou” (João 15:12).

O contraste entre o coração adulto e o coração de criança

Com o passar dos anos, o ser humano tende a endurecer o coração. O orgulho, o medo e a desconfiança substituem a fé simples. Jesus sabia disso. Por isso, Ele não apenas abençoa as crianças, mas as coloca como espelho do que o adulto precisa recuperar espiritualmente.

- O adulto busca controle; a criança, confiança. - O adulto acumula méritos; a criança depende da graça. - O adulto mede o amor; a criança o oferece sem reservas.

Esse contraste revela o cerne do evangelho: a vida cristã é um retorno à simplicidade do amor e da fé. Jesus não quer que sejamos infantis, mas que tenhamos um coração de criança diante de Deus, um coração que confia, que se entrega e que reconhece sua total dependência do Pai.

A valorização das crianças no ministério de Jesus

Jesus não apenas falou sobre as crianças, Ele as envolveu em seu ministério.

Ele curou filhos (Marcos 5:41-42), ressuscitou a filha de Jairo, libertou o filho do homem possesso (Marcos 9:14-27) e usou o testemunho de uma criança como sinal de fé.

Em todas essas situações, Ele mostrou que o cuidado de Deus se estende aos pequenos, e que ninguém é pequeno demais para receber o amor divino. A atenção de Cristo às crianças ensina à Igreja que o Reino não é construído sobre poder e títulos, mas sobre serviço, cuidado e compaixão.

O que aprendemos com o valor que Jesus dava às crianças?

O exemplo de Jesus com as crianças nos convida a refletir sobre como tratamos os pequenos hoje, tanto na família quanto na comunidade de fé.

Ele nos chama a proteger, ensinar e valorizar as crianças, não apenas como futuros cristãos, mas como parte essencial do Corpo de Cristo agora.

Honrar as crianças é também cultivar nelas o amor pela Palavra e pela oração. É investir espiritualmente no presente para que o futuro da fé seja sólido. Jesus via nas crianças não apenas inocência, mas o reflexo mais puro do Reino: onde há confiança, amor e dependência total de Deus.

Conclusão

Quando Jesus disse “o Reino dos céus pertence aos que são como as crianças”, Ele estava nos ensinando que a verdadeira grandeza está na humildade. A fé infantil não se apoia na razão, mas no amor; não se sustenta no controle, mas na confiança.

Valorizar as crianças é, portanto, valorizar o próprio coração do evangelho. É reconhecer que, para viver uma fé autêntica, precisamos voltar à essência, um coração simples, humilde e cheio de amor pelo Pai.