1 E aconteceu que, como Isaque envelheceu, e os seus olhos se escureceram, de maneira que não podia ver, chamou a Esaú, seu filho mais velho, e disse-lhe: Meu filho. E ele lhe disse: Eis-me aqui.

2 E ele disse: Eis que já agora estou velho, e não sei o dia da minha morte;

3 Agora, pois, toma as tuas armas, a tua aljava e o teu arco, e sai ao campo, e apanha para mim alguma caça.

4 E faze-me um guisado saboroso, como eu gosto, e traze-mo, para que eu coma; para que minha alma te abençoe, antes que morra.

5 E Rebeca escutou quando Isaque falava ao seu filho Esaú. E foi Esaú ao campo para apanhar a caça que havia de trazer.

6 Então falou Rebeca a Jacó seu filho, dizendo: Eis que tenho ouvido o teu pai que falava com Esaú teu irmão, dizendo:

7 Traze-me caça, e faze-me um guisado saboroso, para que eu coma, e te abençoe diante da face do Senhor, antes da minha morte.

8 Agora, pois, filho meu, ouve a minha voz naquilo que eu te mando:

9 Vai agora ao rebanho, e traze-me de lá dois bons cabritos, e eu farei deles um guisado saboroso para teu pai, como ele gosta;

10 E levá-lo-ás a teu pai, para que o coma; para que te abençoe antes da sua morte.

11 Então disse Jacó a Rebeca, sua mãe: Eis que Esaú meu irmão é homem cabeludo, e eu homem liso;

12 Porventura me apalpará o meu pai, e serei aos seus olhos como enganador; assim trarei eu sobre mim maldição, e não bênção.

13 E disse-lhe sua mãe: Meu filho, sobre mim seja a tua maldição; somente obedece à minha voz, e vai, traze-mos.

14 E foi, e tomou-os, e trouxe-os a sua mãe; e sua mãe fez um guisado saboroso, como seu pai gostava.

15 Depois tomou Rebeca os vestidos de gala de Esaú, seu filho mais velho, que tinha consigo em casa, e vestiu a Jacó, seu filho menor;

16 E com as peles dos cabritos cobriu as suas mãos e a lisura do seu pescoço;

17 E deu o guisado saboroso e o pão que tinha preparado, na mão de Jacó seu filho.

18 E foi ele a seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui; quem és tu, meu filho?

19 E Jacó disse a seu pai: Eu sou Esaú, teu primogênito; tenho feito como me disseste; levanta-te agora, assenta-te e come da minha caça, para que a tua alma me abençoe.

20 Então disse Isaque a seu filho: Como é isto, que tão cedo a achaste, filho meu? E ele disse: Porque o Senhor teu Deus a mandou ao meu encontro.

21 E disse Isaque a Jacó: Chega-te agora, para que te apalpe, meu filho, se és meu filho Esaú mesmo, ou não.

22 Então se chegou Jacó a Isaque seu pai, que o apalpou, e disse: A voz é a voz de Jacó, porém as mãos são as mãos de Esaú.

23 E não o conheceu, porquanto as suas mãos estavam cabeludas, como as mãos de Esaú seu irmão; e abençoou-o.

24 E disse: És tu meu filho Esaú mesmo? E ele disse: Eu sou.

25 Então disse: Faze chegar isso perto de mim, para que coma da caça de meu filho; para que a minha alma te abençoe. E chegou-lhe, e comeu; trouxe-lhe também vinho, e bebeu.

26 E disse-lhe Isaque seu pai: Ora chega-te, e beija-me, filho meu.

27 E chegou-se, e beijou-o; então sentindo o cheiro das suas vestes, abençoou-o, e disse: Eis que o cheiro do meu filho é como o cheiro do campo, que o Senhor abençoou;

28 Assim, pois, te dê Deus do orvalho dos céus, e das gorduras da terra, e abundância de trigo e de mosto.

29 Sirvam-te povos, e nações se encurvem a ti; sê senhor de teus irmãos, e os filhos da tua mãe se encurvem a ti; malditos sejam os que te amaldiçoarem, e benditos sejam os que te abençoarem.

30 E aconteceu que, acabando Isaque de abençoar a Jacó, apenas Jacó acabava de sair da presença de Isaque seu pai, veio Esaú, seu irmão, da sua caça;

31 E fez também ele um guisado saboroso, e trouxe-o a seu pai; e disse a seu pai: Levanta-te, meu pai, e come da caça de teu filho, para que me abençoe a tua alma.

32 E disse-lhe Isaque seu pai: Quem és tu? E ele disse: Eu sou teu filho, o teu primogênito Esaú.

33 Então estremeceu Isaque de um estremecimento muito grande, e disse: Quem, pois, é aquele que apanhou a caça, e ma trouxe? E comi de tudo, antes que tu viesses, e abençoei-o, e ele será bendito.

34 Esaú, ouvindo as palavras de seu pai, bradou com grande e mui amargo brado, e disse a seu pai: Abençoa-me também a mim, meu pai.

35 E ele disse: Veio teu irmão com sutileza, e tomou a tua bênção.

36 Então disse ele: Não é o seu nome justamente chamado Jacó, tanto que já duas vezes me enganou? A minha primogenitura me tomou, e eis que agora me tomou a minha bênção. E perguntou: Não reservaste, pois, para mim nenhuma bênção?

37 Então respondeu Isaque a Esaú dizendo: Eis que o tenho posto por senhor sobre ti, e todos os seus irmãos lhe tenho dado por servos; e de trigo e de mosto o tenho fortalecido; que te farei, pois, agora, meu filho?

38 E disse Esaú a seu pai: Tens uma só bênção, meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E levantou Esaú a sua voz, e chorou.

39 Então respondeu Isaque, seu pai, e disse-lhe: Eis que a tua habitação será nas gorduras da terra e no orvalho dos altos céus.

40 E pela tua espada viverás, e ao teu irmão servirás. Acontecerá, porém, que quando te assenhoreares, então sacudirás o seu jugo do teu pescoço.

41 E Esaú odiou a Jacó por causa daquela bênção, com que seu pai o tinha abençoado; e Esaú disse no seu coração: Chegar-se-ão os dias de luto de meu pai; e matarei a Jacó meu irmão.

42 E foram denunciadas a Rebeca estas palavras de Esaú, seu filho mais velho; e ela mandou chamar a Jacó, seu filho menor, e disse-lhe: Eis que Esaú teu irmão se consola a teu respeito, propondo matar-te.

43 Agora, pois, meu filho, ouve a minha voz, e levanta-te; acolhe-te a Labão meu irmão, em Harã,

44 E mora com ele alguns dias, até que passe o furor de teu irmão;

45 Até que se desvie de ti a ira de teu irmão, e se esqueça do que lhe fizeste; então mandarei trazer-te de lá; por que seria eu desfilhada também de vós ambos num mesmo dia?

46 E disse Rebeca a Isaque: Enfadada estou da minha vida, por causa das filhas de Hete; se Jacó tomar mulher das filhas de Hete, como estas são, das filhas desta terra, para que me servirá a vida?

1 Tendo Isaque envelhecido, seus olhos ficaram tão fracos que ele já não podia enxergar. Certo dia chamou Esaú, seu filho mais velho, e lhe disse: "Meu filho! " Ele respondeu: "Estou aqui".

2 Disse-lhe Isaque: "Já estou velho e não sei o dia da minha morte.

3 Pegue agora suas armas, o arco e a aljava, e vá ao campo caçar alguma coisa para mim.

4 Prepare-me aquela comida saborosa que tanto aprecio e traga-me, para que eu a coma e o abençoe antes de morrer".

5 Ora, Rebeca estava ouvindo o que Isaque dizia a seu filho Esaú. Quando Esaú saiu ao campo para caçar,

6 Rebeca disse a seu filho Jacó: "Ouvi seu pai dizer a seu irmão Esaú:

7 ‘Traga-me alguma caça e prepare-me aquela comida saborosa, para que eu a coma e o abençoe na presença do Senhor antes de morrer’.

8 Agora, meu filho, ouça bem e faça o que lhe ordeno:

9 Vá ao rebanho e traga-me dois cabritos escolhidos, para que eu prepare uma comida saborosa para seu pai, como ele aprecia.

10 Leve-a então a seu pai, para que ele a coma e o abençoe antes de morrer".

11 Disse Jacó a Rebeca, sua mãe: "Mas o meu irmão Esaú é homem peludo, e eu tenho a pele lisa.

12 E se meu pai me apalpar? Vai parecer que estou tentando enganá-lo, fazendo-o de tolo e, em vez de bênção, trarei sobre mim maldição".

13 Disse-lhe sua mãe: "Caia sobre mim a maldição, meu filho. Faça apenas o que eu digo: Vá e traga-os para mim".

14 Então ele foi, apanhou-os e os trouxe à sua mãe, que preparou uma comida saborosa, como seu pai apreciava.

15 Rebeca pegou as melhores roupas de Esaú, seu filho mais velho, roupas que tinha em casa, e colocou-as em Jacó, seu filho mais novo.

16 Depois cobriu-lhe as mãos e a parte lisa do pescoço com as peles dos cabritos,

17 e por fim entregou a Jacó a refeição saborosa e o pão que tinha feito.

18 Ele se dirigiu ao pai e disse: "Meu pai". Respondeu ele: "Sim, meu filho. Quem é você? "

19 Jacó disse a seu pai: "Sou Esaú, seu filho mais velho. Fiz como o senhor me disse. Agora, assente-se e coma do que cacei para que me abençoe".

20 Isaque perguntou ao filho: "Como encontrou a caça tão depressa, meu filho? " Ele respondeu: "O Senhor, o seu Deus, a colocou no meu caminho".

21 Então Isaque disse a Jacó: "Chegue mais perto, meu filho, para que eu possa apalpá-lo e saber se você é realmente meu filho Esaú".

22 Jacó aproximou-se do seu pai Isaque, que o apalpou e disse: "A voz é de Jacó, mas os braços são de Esaú".

23 Não o reconheceu, pois seus braços estavam peludos como os de Esaú, seu irmão; e o abençoou.

24 Isaque perguntou-lhe outra vez: "Você é mesmo meu filho Esaú? " E ele respondeu: "Sou".

25 Então lhe disse: "Meu filho, traga-me da sua caça para que eu coma e o abençoe". Jacó a trouxe, e o pai comeu; também trouxe vinho, e ele bebeu.

26 Então seu pai Isaque lhe disse: "Venha cá, meu filho, dê-me um beijo".

27 Ele se aproximou e o beijou. Quando sentiu o cheiro de suas roupas, Isaque o abençoou, dizendo: "Ah, o cheiro de meu filho é como o cheiro de um campo que o Senhor abençoou.

28 Que Deus lhe conceda do céu o orvalho e da terra a riqueza, com muito cereal e muito vinho.

29 Que as nações o sirvam e os povos se curvem diante de você. Seja senhor dos seus irmãos, e curvem-se diante de você os filhos de sua mãe. Malditos sejam os que o amaldiçoarem e benditos sejam os que o abençoarem".

30 Quando Isaque acabou de abençoar Jacó, mal tendo ele saído da presença do pai, seu irmão Esaú chegou da caçada.

31 Ele também preparou uma comida saborosa e a trouxe a seu pai. E lhe disse: "Meu pai, levante-se e coma da minha caça, para que o senhor me dê sua bênção".

32 Perguntou-lhe seu pai Isaque: "Quem é você? " Ele respondeu: "Sou Esaú, seu filho mais velho".

33 Profundamente abalado, Isaque começou a tremer muito e disse: "Quem então apanhou a caça e a trouxe para mim? Acabei de comê-la antes de você entrar e a ele abençoei; e abençoado ele será! "

34 Quando Esaú ouviu as palavras de seu pai, deu um forte grito e, cheio de amargura, implorou ao pai: "Abençoe também a mim, meu pai! "

35 Mas ele respondeu: "Seu irmão chegou astutamente e recebeu a bênção que pertencia a você".

36 E disse Esaú: "Não é com razão que o seu nome é Jacó? Já é a segunda vez que ele me engana! Primeiro, tomou o meu direito de filho mais velho e agora recebeu a minha bênção! " Então perguntou ao pai: "O senhor não reservou nenhuma bênção para mim? "

37 Isaque respondeu a Esaú: "Eu o constituí senhor sobre você, e a todos os seus parentes tornei servos dele; a ele supri de cereal e de vinho. Que é que eu poderia fazer por você, meu filho? "

38 Esaú pediu ao pai: "Meu pai, o senhor tem apenas uma bênção? Abençoe-me também, meu pai! " Então chorou Esaú em alta voz.

39 Seu pai Isaque respondeu-lhe: "Sua habitação será longe das terras férteis, distante do orvalho que desce do alto céu.

40 Você viverá por sua espada e servirá a seu irmão. Mas quando você não suportar mais, arrancará do pescoço o jugo".

41 Esaú guardou rancor contra Jacó por causa da bênção que seu pai lhe dera. E disse a si mesmo: "Os dias de luto pela morte de meu pai estão próximos; então matarei meu irmão Jacó".

42 Quando contaram a Rebeca o que seu filho Esaú dissera, ela mandou chamar Jacó, seu filho mais novo, e lhe disse: "Esaú está se consolando com a idéia de matá-lo.

43 Ouça, pois, o que lhe digo, meu filho: Fuja imediatamente para a casa de meu irmão Labão, em Harã.

44 Fique com ele algum tempo, até que passe o furor de seu irmão.

45 Quando seu irmão não estiver mais irado contra você e esquecer o que você lhe fez, mandarei buscá-lo. Por que perderia eu vocês dois num só dia? "

46 Então Rebeca disse a Isaque: "Estou desgostosa da vida, por causa destas mulheres hititas. Se Jacó escolher esposa entre as mulheres desta terra, entre mulheres hititas como estas, perderei a razão de viver".

Isaque abençoa Jacó

1 Quando Isaque envelheceu e os seus olhos se enfraqueceram, a ponto de não mais poder ver, chamou Esaú, seu filho mais velho, e lhe disse:

— Meu filho!

Esaú respondeu:

— Aqui estou!

2 O pai lhe disse:

— Estou velho e não sei o dia da minha morte. 3 Pegue agora as suas armas, a sua aljava e o seu arco, vá ao campo e apanhe para mim alguma caça. 4 Faça uma comida saborosa, como eu aprecio, e traga aqui para mim, para que eu coma e abençoe você antes que eu morra.

5 Rebeca esteve escutando enquanto Isaque falava com Esaú, seu filho. E Esaú foi ao campo para apanhar a caça e trazê-la. 6 Então Rebeca disse a Jacó, seu filho:

— Ouvi seu pai falar com Esaú, o seu irmão. Ele disse: 7 "Traga uma caça e faça uma comida saborosa para mim, para que eu coma e o abençoe na presença do Senhor, antes que eu morra." 8 Agora, meu filho, escute as minhas palavras e faça o que lhe ordeno. 9 Vá ao rebanho e traga-me dois bons cabritos. Deles farei uma saborosa comida para o seu pai, como ele aprecia. 10 Você a levará ao seu pai, para que a coma e o abençoe, antes que ele morra.

11 Mas Jacó disse a Rebeca, sua mãe:

— Esaú, meu irmão, é um homem peludo, e eu sou um homem de pele lisa. 12 Se o meu pai me apalpar, passarei a ser visto por ele como zombador e trarei sobre mim maldição e não bênção.

13 A mãe respondeu:

— Caia sobre mim essa maldição, meu filho. Faça somente o que eu digo: vá e traga os cabritos para mim.

14 Ele foi, pegou os cabritos e os trouxe a sua mãe, que fez uma saborosa comida, como o pai dele apreciava. 15 Depois, Rebeca pegou a melhor roupa de Esaú, seu filho mais velho, roupa que tinha consigo em casa, e vestiu Jacó, seu filho mais novo. 16 Com a pele dos cabritos cobriu-lhe as mãos e a lisura do pescoço. 17 Então entregou a Jacó, seu filho, a comida saborosa e o pão que havia preparado.

18 Jacó foi a seu pai e disse:

— Meu pai!

Ele respondeu:

— Fale! Quem é você, meu filho?

19 Jacó respondeu a seu pai:

— Sou Esaú, seu filho primogênito. Fiz o que o senhor ordenou. Levante-se, por favor; sente-se e coma da minha caça, para que depois o senhor me abençoe.

20 Isaque perguntou a seu filho:

— Como foi que você conseguiu achar a caça tão depressa, meu filho?

Ele respondeu:

— Porque o Senhor, seu Deus, a mandou ao meu encontro.

21 Então Isaque disse a Jacó:

— Chegue mais perto, para que eu o apalpe, meu filho, e veja se você é meu filho Esaú ou não.

22 Jacó se aproximou de Isaque, seu pai, que o apalpou e disse:

— A voz é de Jacó, mas as mãos são de Esaú.

23 E não o reconheceu, porque as mãos realmente estavam peludas como as de seu irmão Esaú. E o abençoou. 24 Então perguntou:

— Você é mesmo o meu filho Esaú?

Ele respondeu:

— Eu sou.

25 Então disse:

— Traga isso para perto de mim, para que eu coma da caça de meu filho e o abençoe.

Jacó a levou até ele e o pai comeu. Trouxe-lhe também vinho, e ele bebeu. 26 Então Isaque, seu pai, lhe disse:

— Venha cá e me dê um beijo, meu filho.

27 Ele se aproximou e o beijou. Então o pai aspirou o cheiro da roupa dele e o abençoou. Ele disse:

Eis que o cheiro do meu filho

é como o cheiro do campo,

que o Senhor abençoou;

28 Deus lhe dê do orvalho do céu,

e da exuberância da terra,

e fartura de trigo e de vinho.

29 Que povos sirvam você,

e nações o reverenciem.

Que você seja senhor

de seus irmãos,

e os filhos de sua mãe

se curvem diante de você.

Maldito seja quem o amaldiçoar,

e bendito quem o abençoar.

30 E aconteceu que, depois que Isaque abençoou Jacó e este tinha acabado de sair da presença de seu pai, chegou Esaú, seu irmão, vindo da sua caçada. 31 Ele também fez uma comida saborosa e a levou ao seu pai. E lhe disse:

— Levante-se, meu pai, e coma da caça de seu filho, para que o senhor me abençoe.

32 Então Isaque, o pai dele, perguntou:

— Quem é você?

Ele respondeu:

— Sou o seu filho, o seu primogênito; sou Esaú.

33 Isaque estremeceu, sentindo uma violenta comoção. E disse:

— Mas então quem foi aquele que apanhou a caça e trouxe para mim? Eu comi tudo, antes que você chegasse, e o abençoei, e ele será abençoado.

34 Ao ouvir tais palavras de seu pai, Esaú deu um grito cheio de amargura e disse:

— Abençoe também a mim, meu pai!

35 Mas Isaque respondeu:

— Seu irmão veio e, com astúcia, tomou a bênção que era sua.

36 Esaú disse:

— Não é com razão que ele se chama Jacó? Pois já duas vezes me enganou: tirou-me o direito de primogenitura e agora tomou a bênção que era minha.

E perguntou:

— Então o senhor não reservou nenhuma bênção para mim?

37 Isaque respondeu a Esaú:

— Eis que o constituí senhor sobre você, e fiz com que todos os parentes sejam servos dele; de trigo e de vinho o supri. Assim, o que posso fazer por você, meu filho?

38 Esaú disse a seu pai:

— Será que o senhor, meu pai, tem somente uma bênção? Abençoe também a mim, meu pai.

E, levantando Esaú a voz, chorou. 39 Então Isaque, seu pai, disse:

Sua habitação será longe

dos lugares férteis da terra,

longe do orvalho que cai do alto.

40 Você viverá da sua espada

e servirá o seu irmão;

quando, porém, você se libertar,

sacudirá do seu pescoço

o jugo dele.

41 Esaú passou a odiar Jacó por causa da bênção com que seu pai o tinha abençoado. E disse em seu íntimo:

— Os dias de luto por meu pai se aproximam; então matarei meu irmão Jacó.

42 Chegaram aos ouvidos de Rebeca estas palavras de Esaú, seu filho mais velho. Então ela mandou chamar Jacó, seu filho mais moço, e lhe disse:

— Eis que o seu irmão Esaú se consola fazendo planos para matá-lo. 43 Agora, pois, meu filho, ouça bem o que vou dizer: levante-se e fuja para a casa de Labão, meu irmão, em Harã. 44 Fique com ele alguns dias, até que passe o furor de seu irmão, 45 e cesse o rancor dele contra você, e se esqueça do que você lhe fez. Quando isso acontecer, enviarei alguém para trazer você de volta. Não posso perder os meus dois filhos num só dia!

46 Então Rebeca disse a Isaque:

— Estou aborrecida da vida por causa das filhas de Hete. Se Jacó tomar esposa dentre as filhas de Hete, tais como estas, as filhas desta terra, de que me servirá a vida?

Jacó rouba a bênção de Esaú

1 Certo dia, quando Isaque era velho e estava ficando cego, chamou Esaú, seu filho mais velho: "Meu filho!".

Esaú respondeu: "Aqui estou!".

2 Isaque disse: "Estou velho e não sei quando vou morrer. 3 Pegue suas armas, o arco e as flechas, e vá ao campo caçar um animal para mim. 4 Depois, prepare meu prato favorito e traga-o aqui para eu comer. Então pronunciarei a bênção que pertence a você, meu filho mais velho, antes de eu morrer".

5 Rebeca, porém, ouviu o que Isaque tinha dito a seu filho Esaú. Quando Esaú saiu para caçar, 6 ela disse a seu filho Jacó: "Ouvi seu pai dizer a Esaú: 7 ‘Traga-me uma carne de caça e prepare-me uma refeição saborosa. Então abençoarei você na presença do Senhor antes de eu morrer’. 8 Agora, meu filho, preste atenção e faça exatamente o que lhe direi. 9 Vá ao rebanho e traga-me dois dos melhores cabritos. Eu os usarei para preparar o prato favorito de seu pai. 10 Depois, leve a comida para seu pai, para que ele a coma e o abençoe antes de morrer".

11 Jacó respondeu a Rebeca: "Mas meu irmão Esaú é peludo, enquanto eu tenho pele lisa. 12 E se meu pai me tocar? Perceberá que estou tentando enganá-lo e, em vez de me abençoar, me amaldiçoará!".

13 Sua mãe, porém, respondeu: "Que caia sobre mim essa maldição, meu filho! Apenas faça o que lhe digo. Vá e traga-me os cabritos".

14 Jacó foi e trouxe os cabritos para sua mãe. Rebeca os usou para preparar uma refeição saborosa, do jeito que Isaque gostava. 15 Em seguida, pegou as roupas prediletas de Esaú que estavam na casa dela e as entregou a Jacó, seu filho mais novo. 16 Com a pele dos cabritos, cobriu-lhe os braços e a parte lisa do pescoço. 17 Depois, entregou-lhe a refeição saborosa, acompanhada do pão que havia acabado de assar.

18 Jacó levou a comida para o pai e disse: "Meu pai?".

"Sim, meu filho", respondeu Isaque. "Quem é você, Esaú ou Jacó?"

19 Jacó disse: "Sou Esaú, seu filho mais velho. Fiz o que o senhor mandou. Aqui está a carne de caça. Sente-se e coma, para que me dê sua bênção".

20 Isaque perguntou: "Como encontrou a caça tão depressa, meu filho?".

Jacó respondeu: "O Senhor, seu Deus, a colocou no meu caminho".

21 Então Isaque disse a Jacó: "Chegue mais perto, para que eu possa tocá-lo e ter certeza de que você é mesmo Esaú". 22 Jacó se aproximou do pai, e Isaque o tocou e disse: "A voz é de Jacó, mas as mãos são de Esaú". 23 Não o reconheceu, porém, pois as mãos de Jacó estavam peludas, como as de Esaú. Assim, Isaque se preparou para abençoar Jacó. 24 "Mas você é mesmo meu filho Esaú?", perguntou ele.

"Sim, eu sou", respondeu Jacó.

25 Então Isaque disse: "Agora, meu filho, traga-me a carne de caça. Depois que comer, eu lhe darei a minha bênção". Jacó trouxe a comida para o pai, e Isaque comeu. Também bebeu o vinho que Jacó lhe serviu. 26 Por fim, Isaque disse a Jacó: "Aproxime-se, por favor, e dê-me um beijo, meu filho".

27 Jacó se aproximou e o beijou. Quando Isaque sentiu o cheiro das roupas, finalmente abençoou o filho. Disse: "Ah! O cheiro de meu filho é como o cheiro do campo que o Senhor abençoou!

28 "Do orvalho do céu

e da riqueza da terra,

Deus lhe conceda fartas colheitas de cereais

e vinho novo de sobra.

29 Que muitas nações o sirvam

e se curvem à sua frente.

Que você seja senhor de seus irmãos

e os filhos de sua mãe se curvem à sua frente.

Todos que o amaldiçoarem serão amaldiçoados,

e todos que o abençoarem serão abençoados".

30 Assim que Isaque terminou de abençoar Jacó, e logo depois de Jacó ter saído da presença de seu pai, Esaú voltou da caçada. 31 Preparou uma refeição saborosa, levou-a para seu pai e disse: "Sente-se, meu pai, e coma da minha caça, para me abençoar".

32 Isaque lhe perguntou: "Quem é você?".

Ele respondeu: "Sou Esaú, seu filho mais velho".

33 Isaque começou a tremer incontrolavelmente e disse: "Então quem me serviu a carne de caça? Acabei de comê-la, pouco antes de você chegar, e abençoei quem a trouxe. Essa bênção deve permanecer!".

34 Quando Esaú ouviu as palavras do pai, soltou um forte grito amargurado e suplicou: "Ah, meu pai, e eu? Abençoe-me também!".

35 Mas Isaque disse: "Seu irmão esteve aqui e me enganou. Levou embora a bênção que pertencia a você!".

36 Esaú exclamou: "Não é de admirar que ele se chame Jacó, pois é a segunda vez que me engana. Primeiro, tomou meus direitos de filho mais velho e, agora, roubou minha bênção. O senhor não guardou uma bênção sequer para mim?".

37 Isaque disse a Esaú: "Fiz de Jacó o seu senhor e declarei que todos os irmãos dele o servirão. Garanti a ele fartura de cereais e vinho. O que me resta para dar a você, meu filho?".

38 Esaú suplicou: "Por acaso o senhor tem apenas uma bênção? Ah, meu pai, abençoe-me também!". Então Esaú chorou em alta voz.

39 Por fim, seu pai, Isaque, lhe disse:

"Você viverá longe das riquezas da terra

e longe do orvalho do alto céu.

40 Viverá por sua espada

e servirá a seu irmão.

Quando, porém, conseguir se libertar,

sacudirá do pescoço esse jugo".

Jacó foge para Padã-Arã

41 Daquele momento em diante, Esaú passou a odiar Jacó porque seu pai o havia abençoado. Começou a tramar: "Em breve meu pai morrerá. Então, matarei meu irmão Jacó".

42 Quando Rebeca soube das intenções de Esaú, mandou chamar Jacó e lhe disse: "Ouça, Esaú se consola com planos para matar você. 43 Portanto, preste atenção, meu filho. Apronte-se e fuja para a casa de meu irmão Labão, em Harã. 44 Fique lá até que diminua a fúria de seu irmão. 45 Quando ele se acalmar e se esquecer do que você lhe fez, mandarei buscá-lo. Por que eu perderia meus dois filhos no mesmo dia?".

46 Depois, Rebeca disse a Isaque: "Estou cansada dessas mulheres hititas que vivem aqui! Prefiro morrer a ver Jacó se casar com uma delas!".