Promessa do reino messiânico a Davi
Salmo didático de Etã, ezraíta

1 Cantarei para sempre as tuas misericórdias, ó Senhor;

os meus lábios proclamarão a todas as gerações a tua fidelidade.

2 Pois disse eu: a benignidade está fundada para sempre;

a tua fidelidade, tu a confirmarás nos céus, dizendo:

3 Fiz aliança com o meu escolhido

e jurei a Davi, meu servo:

4 Para sempre estabelecerei a tua posteridade

e firmarei o teu trono de geração em geração.

5 Celebram os céus as tuas maravilhas, ó Senhor,

e, na assembleia dos santos, a tua fidelidade.

6 Pois quem nos céus é comparável ao Senhor?

Entre os seres celestiais, quem é semelhante ao Senhor?

7 Deus é sobremodo tremendo na assembleia dos santos

e temível sobre todos os que o rodeiam.

8 Ó Senhor, Deus dos Exércitos,

quem é poderoso como tu és, Senhor,

com a tua fidelidade ao redor de ti?!

9 Dominas a fúria do mar;

quando as suas ondas se levantam, tu as amainas.

10 Calcaste a Raabe, como um ferido de morte;

com o teu poderoso braço dispersaste os teus inimigos.

11 Teus são os céus, tua, a terra;

o mundo e a sua plenitude, tu os fundaste.

12 O Norte e o Sul, tu os criaste;

o Tabor e o Hermom exultam em teu nome.

13 O teu braço é armado de poder,

forte é a tua mão, e elevada, a tua destra.

14 Justiça e direito são o fundamento do teu trono;

graça e verdade te precedem.

15 Bem-aventurado o povo que conhece os vivas de júbilo,

que anda, ó Senhor, na luz da tua presença.

16 Em teu nome, de contínuo se alegra

e na tua justiça se exalta,

17 porquanto tu és a glória de sua força;

no teu favor avulta o nosso poder.

18 Pois ao Senhor pertence o nosso escudo,

e ao Santo de Israel, o nosso rei.

19 Outrora, falaste em visão aos teus santos e disseste:

A um herói concedi o poder de socorrer;

do meio do povo, exaltei um escolhido.

20 Encontrei Davi, meu servo;

com o meu santo óleo o ungi.

21 A minha mão será firme com ele,

o meu braço o fortalecerá.

22 O inimigo jamais o surpreenderá,

nem o há de afligir o filho da perversidade.

23 Esmagarei diante dele os seus adversários

e ferirei os que o odeiam.

24 A minha fidelidade e a minha bondade o hão de acompanhar,

e em meu nome crescerá o seu poder.

25 Porei a sua mão sobre o mar

e a sua direita, sobre os rios.

26 Ele me invocará, dizendo: Tu és meu pai,

meu Deus e a rocha da minha salvação.

27 Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito,

o mais elevado entre os reis da terra.

28 Conservar-lhe-ei para sempre a minha graça

e, firme com ele, a minha aliança.

29 Farei durar para sempre a sua descendência;

e, o seu trono, como os dias do céu.

30 Se os seus filhos desprezarem a minha lei

e não andarem nos meus juízos,

31 se violarem os meus preceitos

e não guardarem os meus mandamentos,

32 então, punirei com vara as suas transgressões

e com açoites, a sua iniquidade.

33 Mas jamais retirarei dele a minha bondade,

nem desmentirei a minha fidelidade.

34 Não violarei a minha aliança,

nem modificarei o que os meus lábios proferiram.

35 Uma vez jurei por minha santidade

(e serei eu falso a Davi?):

36 A sua posteridade durará para sempre,

e o seu trono, como o sol perante mim.

37 Ele será estabelecido para sempre como a lua

e fiel como a testemunha no espaço.

38 Tu, porém, o repudiaste e o rejeitaste;

e te indignaste com o teu ungido.

39 Aborreceste a aliança com o teu servo;

profanaste-lhe a coroa, arrojando-a para a terra.

40 Arrasaste os seus muros todos;

reduziste a ruínas as suas fortificações.

41 Despojam-no todos os que passam pelo caminho;

e os vizinhos o escarnecem.

42 Exaltaste a destra dos seus adversários

e deste regozijo a todos os seus inimigos.

43 Também viraste o fio da sua espada

e não o sustentaste na batalha.

44 Fizeste cessar o seu esplendor

e deitaste por terra o seu trono.

45 Abreviaste os dias da sua mocidade

e o cobriste de ignomínia.

46 Até quando, Senhor? Esconder-te-ás para sempre?

Arderá a tua ira como fogo?

47 Lembra-te de como é breve a minha existência!

Pois criarias em vão todos os filhos dos homens!

48 Que homem há, que viva e não veja a morte?

Ou que livre a sua alma das garras do sepulcro?

49 Que é feito, Senhor, das tuas benignidades de outrora,

juradas a Davi por tua fidelidade?

50 Lembra-te, Senhor, do opróbrio dos teus servos

e de como trago no peito a injúria de muitos povos,

51 com que, Senhor, os teus inimigos têm vilipendiado,

sim, vilipendiado os passos do teu ungido.

52 Bendito seja o Senhor para sempre! Amém e amém!