2 Sei tanto quanto vocês. Não sou estúpido. Oh, como eu desejava falar directamentecom o todo-poderoso.
3 Eu quero falar sobre isto com Deus mesmo.
4 Porque vocês estão mal interpretando tudo. São como doutores que não sabem o que hão-de fazer.
5 Oh, peço-vos que estejam calados! Isso seria a melhor prova da vossa sabedoria.
6 Portanto agora escutem-me, ouçam as razões daquilo que penso, ouçam os meus argumentos.
7 Irão vocês continuar a falar em lugar de Deus,quando ele nunca disse nada daquilo que vocêspõem na sua boca?
8 Precisará Deus da vossa ajuda, quando andam assim a torcer-lhe a verdade?
9 Que seria de vocês se ele vos sujeitasse a julgamento!
10 Ele terá de vos acusar se se deixarem levar por juízos de parcialidade.
11 Não, vocês ficarão bem perturbados, perante ele,se tentarem usar de mentiras para o iludir. A sua majestade não vos enche de terror? Como podem vocês agir assim?
12 Essas tremendas afirmações que fizeramvalem tanto como pedaços de madeira ardida. As vossas razões a favor de Deus são tão frágeis como barro!
13 Calem-se então e deixem-me falar- estou pronto a fazer face às consequências.
14 Sim, tomarei a minha vida nas mãose direi aquilo que realmente penso.
15 Deus poderá matar-me por dizê-lo- na realidade, até espero que o faça . No entanto, estou na disposição de defender a minha causaperante ele.
16 Tenho a meu favor, em todo o caso, isto- é que não sou ímpio, descrente,para que me rejeite instantaneamente da sua presença.
17 Ouçam pois atentamente aquilo que tenho a dizer. Dêem atenção.
18 Esta é a minha causa: Eu sei que sou recto.
19 Quem será capaz de pôr em dúvida isto que afirmo? Se houver alguém que o faça, que prove que estou errado,paro de me defender e morro.
20 Ó Deus, há duas coisas que peço não me faças; só então poderei ficar na tua presença.
21 Não me abandones, e não me aterrorizes com a tua tremenda presença.
22 Chama-me - como te responderei depressa! Ou então que seja eu a tomar a palavra primeiro, e tu responde-me.
23 Diz-me o que é que eu fiz de mal? Ajuda-me! Notifica-me a minha transgressão.
24 Porque te escondes de mim? Porque me entregas ao inimigo?
25 Serás capaz de repreender uma folha que esvoaça levada pelo vento? Perseguirás tu uma palha, seca a inútil?
26 Escreves coisas amargas contra mime vens recordar todas as loucuras da minha mocidade.
27 Encarceraste-me, fechaste-me a ferrolhos.
28 Sou como uma árvore seca derrubada, como uma peça de roupa toda roída de traça.
1 Eis que tudo isto viram os meus olhos, e os meus ouvidos o ouviram e entenderam. 2 Como vós o sabeis, o sei eu também; não vos sou inferior. 3 Mas eu falarei ao Todo-Poderoso; e quero defender-me perante Deus. 4 Vós, porém, sois inventores de mentiras e vós todos, médicos que não valem nada. 5 Tomara que vos calásseis de todo, que isso seria a vossa sabedoria! 6 Ouvi agora a minha defesa e escutai os argumentos dos meus lábios. 7 Porventura, por Deus falareis perversidade e por ele enunciareis mentiras? 8 Fareis aceitação da sua pessoa? Contendereis por Deus? 9 Ser-vos-ia bom, se ele vos esquadrinhasse? Ou zombareis dele, como se zomba de qualquer homem? 10 Certamente, vos repreenderá, se em oculto fizerdes distinção de pessoas. 11 Porventura, não vos espantará a sua alteza? E não cairá sobre vós o seu temor? 12 As vossas memórias são como a cinza; as vossas alturas, como alturas de lodo.
13 Calai-vos perante mim, e falarei eu; e venha sobre mim o que vier.
14 Por que razão tomaria eu a minha carne com os dentes e poria a minha vida na minha mão? 15 Ainda que ele me mate, nele esperarei; contudo, os meus caminhos defenderei diante dele. 16 Também isto será a minha salvação, porque o ímpio não virá perante ele. 17 Ouvi com atenção as minhas razões; e com os vossos ouvidos, a minha demonstração. 18 Eis que já tenho ordenado a minha causa e sei que serei achado justo. 19 Quem é o que contenderá comigo? Se eu agora me calasse, renderia o espírito. 20 Duas coisas somente faze comigo; então, me não esconderei do teu rosto: 21 Desvia a tua mão para longe de mim e não me espante o teu terror. 22 Chama, pois, e eu responderei; ou, eu falarei e tu, responde-me.
23 Quantas culpas e pecados tenho eu? Notifica-me a minha transgressão e o meu pecado. 24 Por que escondes o teu rosto e me tens por teu inimigo? 25 Porventura, quebrantarás a folha arrebatada pelo vento? E perseguirás o restolho seco? 26 Por que escreves contra mim coisas amargas e me fazes herdar as culpas da minha mocidade? 27 Também pões os meus pés em cepos, e observas todos os meus caminhos, e marcas os sinais dos meus pés, 28 apesar de eu ser como uma coisa podre que se consome e como a veste, a qual rói a traça.