1 Resposta que Elifaz o temanita deu a Job:

2 Permites-me uma palavra? Quem é que poderia impedir-se de falar?

3 No passado levaste muitas almas aflitas a confiarem em Deus,e encorajaste aqueles que estavam fracos, desfalecendo,ou que se encontravam prostrados e caídos no desespero.

5 No entanto agora, quando é sobre ti que a desgraça se abate,estás tu em baixo.

6 Em tempos como este não seria a confiança em Deusque te havia de dar força? Não deverias tu crer que Deus ainda se ocupa daqueles que são íntegros para com ele?

7 Pára e pensa um pouco! Já alguma vez viste alguémque sendo verdadeiramente recto e inocentetivesse sido castigado?

8 A experiência ela própria ensinaque são aqueles que semeiam o pecado e a inquietaçãoque colhem as mesmas coisas. Esses morrem sob a mão de Deus.

12 Esta verdade foi-me comunicada em segredo, como que soprada aos ouvidos.

13 Veio-me esta noite, numa visão, enquanto outros dormiam.

16 Sentia a presença do espírito mas não podia vê-lo ali. No meio daquele silêncio horrível ouvi uma voz:

17 'Será um simples ser humano mais justo do que Deus,mais puro do que o seu Criador?'

18 Até nos seus servos não confia,e os seus próprios mensageiros se podem enganar

19 quanto menos ainda nos seres humanos, feitos de terra,e que se podem esmagar como se fossem simples traças!

20 Estão com vida durante a manhã,e pela tardinha podem encontrar-se mortos,desaparecendo para sempre, sem que alguém se aperceba do caso!

21 Se o fio da sua vida se quebra,morrem; e sem sabedoria!

Elifaz repreende Jó

1 Então, respondeu Elifaz, o temanita, e disse: 2 Se intentarmos falar-te, enfadar-te-ás? Mas quem poderá conter as palavras? 3 Eis que ensinaste a muitos e esforçaste as mãos fracas. 4 As tuas palavras levantaram os que tropeçavam, e os joelhos desfalecentes fortificaste. 5 Mas agora a ti te vem, e te enfadas; e, tocando-te a ti, te perturbas. 6 Porventura, não era o teu temor de Deus a tua confiança, e a tua esperança, a sinceridade dos teus caminhos?

7 Lembra-te, agora: qual é o inocente que jamais pereceu? E onde foram os sinceros destruídos? 8 Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade e semeiam o mal segam isso mesmo. 9 Com o hálito de Deus perecem; e com o assopro da sua ira se consomem. 10 O bramido do leão, e a voz do leão feroz, e os dentes dos leõezinhos se quebrantam. 11 Perece o leão velho, porque não há presa, e os filhos da leoa andam dispersos.

12 Uma palavra se me disse em segredo; e os meus ouvidos perceberam um sussurro dela. 13 Entre pensamentos de visões da noite, quando cai sobre os homens o sono profundo, 14 sobreveio-me o espanto e o tremor, e todos os meus ossos estremeceram. 15 Então, um espírito passou por diante de mim; fez-me arrepiar os cabelos da minha carne; 16 parou ele, mas não conheci a sua feição; um vulto estava diante dos meus olhos; e, calando-me, ouvi uma voz que dizia: 17 Seria, porventura, o homem mais justo do que Deus? Seria, porventura, o varão mais puro do que o seu Criador? 18 Eis que nos seus servos não confia e nos seus anjos encontra loucura; 19 quanto mais naqueles que habitam em casas de lodo, cujo fundamento está no pó, e são machucados como a traça! 20 Desde de manhã até à tarde são despedaçados; e eternamente perecem, sem que disso se faça caso. 21 Porventura, não passa com eles a sua excelência? Morrem, mas sem sabedoria.